No dia 15 de agosto de 1965, os Beatles fizeram em Nova York, no Shea Stadium, o maior show em termos de público de sua carreira. Mais de 55 mil fãs empolgados vibraram com a apresentação, que rapidamente entrou para a história. Virou lenda. O DVD Live At Shea, que o selo Coqueiro Verde acaba de lançar no Brasil, serve como uma excelente oportunidade para verificarmos como foi o show e também de como era a infraestrutura disponível para os espetáculos musicais naqueles anos heroicos.
Na verdade, se em termos musicais o melhor do rock parece mesmo se manter nas décadas de 50, 60, 70 e 80 do século passado, as condições técnicas oferecidas aos artistas iam das precárias às quase impossíveis. E esse show dos Beatles é um bom exemplo.
Os amplificadores utilizados por John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr não dariam atualmente nem para atuar em um barzinho de décima qualidade. O palco, então, parecia picadeiro daqueles circos precários.
Nunca um grupo de rock havia tocado em estádios daquele tamanho. Ou seja, os Beatles acabaram sendo pioneiros nessa área e obviamente pagaram por isso. Ver o que eles sofriam para conseguir fazer um bom espetáculo explica o porque, em agosto de 1966, eles decidiram parar de tocar ao vivo.
Se as condições técnicas já não eram lá essas coisas, a gritaria das fãs tornava ainda mais difícil ouvir alguma coisa. Sabe Deus onde elas arrumavam tanta energia, pois era barulho o tempo todo.
Na época, a praxe do show business para artistas pop era shows com apenas 30 minutos de duração. Portanto, para preencher o tempo, vários artistas costumavam ser incluídos na programação desse tipo de espetáculo.
No caso dos Beatles, tivemos nomes bem legais, que conseguiram segurar a ansiedade do povão presente. King Curtis Band, Brenda Holloway, The Young Rascals, Sounds Incorporated e Cannibal And The Rascals ficaram com essa missão, e o vídeo mostra trechos de suas boas performances.
Apesar de todas as limitações relatadas acima, os Beatles fizeram um ótimo show, com direito a muita garra. A abertura é com Twist And Shout. Das onze músicas, destaco ótimas versões de Ticket To Ride, Help!, Can't Buy Me Love e a não tão conhecida Baby's In Black, deliciosa balada influenciada por valsa e incluída no álbum Beatles For Sale.
O momento máximo ficou para o final, com uma performance demencial no já agitado rockão I'm Down, com Paul McCartney cantando como se não houvesse amanhã e John Lennon soltando a franga, tocando o piano com os cotovelos e pulando de forma alucinada.
Além das cenas do show dos Beatles e das bandas de abertura, temos também depoimentos de John, Paul, Gerge e Ringo e cenas de bastidores. A qualidade de áudio e vídeo é bem aceitável, se levarmos em conta o fato de terem sido registrada há 45 anos.
Live At Shea transcende a importância musical e equivale ao registro de um tempo em que o rock and roll ainda engatinhava em termos de infraestrutura, e no qual os artistas suavam sangue para conseguir atingir seus objetivos. Ou seja, mais méritos para os Beatles, a maior, melhor e mais mitológica banda de todos os tempos.
Serviço
Live At The Shea- The Beatles
Gravadora: Coqueiro Verde
Preço Médio: R$ 32
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